A comunidade NextPit não escondeu sua desconfiança com as fabricantes de dispositivos, especialmente celulares, em suas respostas para a enquete da semana. Ao serem perguntados se têm a impressão de que as empresas tratam os clientes como cobaias, a maioria respondeu com um sonoro “Sim”.
E ao que tudo indica, o sentimento não é novo, com uma grande quantidade de leitores em todos os domínios em que o NextPit é publicado respondendo que não só já compraram produtos baseados nas promessas das marcas, como também lembram de um recurso ser cancelado antes mesmo de seu lançamento.
Com relação à primeira pergunta, a discrepância entre os resultados do site em inglês e brasileiro talvez se explique pelo fato dos produtos serem tradicionalmente lançados antes nos mercados de língua inglesa, às vezes antes mesmo de outros países ricos. Enquanto isso, não é raro que um produto chegue ao Brasil meses depois do exterior, dando tempo para que o consumidor tenha tempo de ver o produto “amadurecer”.
Apesar das diferenças na resposta anterior, tanto brasileiros quanto norte-americanos e indianos responderam em sua maioria que já tiveram recursos cancelados antes do lançamento. Neste ponto, alemães e franceses se dividiram de maneira equilibrada no geral, com um leve predomínio do “sim” entre os alemães e do “não” entre os franceses.
Neste ponto, o francês Pirlo01 relembrou o caso de um recurso que chegou a ser disponibilizado, mas logo removido em uma atualização de sistema, após a revelação de possíveis usos para invasão de privacidade: a câmera “raio-x” do OnePlus 8 Pro. Na época, os leitores dos sites em francês, inglês e português do NextPit responderam que não viam problema no recurso.
O que nos traz à pergunta destacada no título da enquete desta semana. A maioria da comunidade NextPit respondeu que tem a impressão que as empresas tratam sim os clientes como cobaias, apesar das diferentes distribuições de respostas nas perguntas anteriores. A porcentagem variou entre 61% no site em inglês, chegando a 81% no site brasileiro — em ambos, o “não” sequer recebeu votos.
Admito que fiquei surpreso com a distância para a segunda opção mais votada. Aqui, o alemão Timo destacou bem o meu ponto de vista pessoal:
Seremos tratados como cobaias em alguns casos. Mas então também é preciso perguntar por que nos permitimos ser tratados como cobaias.
Se preciso ou quero um recurso e o produto não o oferece, não compraria só porque a fabricante prometeu. Nesse caso, ou pego uma alternativa ou espero para ver se a promessa é realmente cumprida.
De certa forma, é uma maldição e uma bênção que você possa consertar tudo o que for possível hoje com uma atualização ou enviá-la mais tarde. Imagine, por exemplo, caso o último Cyberpunk 2077 fosse lançado na época do Playstation 2????.
Desconfiança também com atualizações de sistema
A mesma postura reticente se manifestou na pergunta bônus desta semana. A maioria dos leitores do NextPit também não confiam nas políticas de atualizações de sistema anunciadas pelas fabricantes. Em meio a históricos negativos de updates e promessas não honradas, não é difícil entender o porquê das respostas…
Mas vou deixar as atualizações de sistema para uma próxima edição da enquete, publicada todas às sextas-feiras aqui no NextPit. Nos vemos na próxima! Ah, e fique à vontade para discutir os diferentes resultados desta semana!
Artigo original
Cada vez mais os produtos que usamos atualmente não são os mesmos do que quando os compramos. Atualizações de recursos, otimizações de hardware e software costumam trazer características que não estavam disponíveis no lançamento. Do outro lado da moeda, algumas fabricantes apostam em promessas de recursos em desenvolvimento para vender produtos. Será que estamos sendo tratados como cobaias? Sejam bem vindos à enquete da semana.
Esta pesquisa foi diretamente influenciada pelo retorno obtido com o artigo de opinião publicado no meio da semana no NextPit, incluindo uma enquete adicional publicada na versão em alemão do texto. O artigo citava brevemente casos de produtos anunciados com recursos que só se materializaram meses após o início das vendas, em alguns casos, os recursos ainda estão no campo das promessas…
Se a [empresa] diz, é verdade (ou não?)
Para começar a enquete, primeiro vamos ver quantos de nós são capazes de admitir que já compraram um produto com base em promessas futuras e não exatamente no que o produto entregava efetivamente.
Como continuação, a segunda pergunta trata da amarga experiência de ver um recurso prometido ser cancelado sem que ele tenha sido lançado. Não se trata, por exemplo, de características removidas posteriormente — caso de opções desativadas em atualizações, caso do suporte ao Gear VR nos celulares Galaxy S10 com a chegada do Android 12 —, mas sim de recursos anunciados antes mesmo do lançamento e que nunca foram usados.
O que nos traz à pergunta do título. Você tem a sensação de que as empresas estão tratando os consumidores como cobaias ao lançarem produtos inacabados ou sem todos os recursos prometidos?
Bônus: você confia nas políticas de atualizações das marcas?
Nesta semana, a HMD Global, representante da marca Nokia, anunciou que não atualizará o Nokia 9 PureView para o Android 11, como havia anunciado há mais de um ano. O que levanta a questão se as próprias políticas de atualização das fabricantes não passam de promessas até que sejam cumpridas.
Já pergutamos e discutimos diversas vezes a importância dada às atualizações de sistema e segurança, e muitas vezes usamos o histórico de atualizações das empresas para estimar o período de suporte para novos celulares — neste ponto, vale lembrar que a Nokia tinha um dos melhores históricos de atualizações e pontualidade em 2019 e 2020. Mas será que esta notícia recente serve de alerta para ficarmos mais céticos com relação às empresas?
Você se lembra de algum caso específico de recursos anunciados que acabaram sendo cancelados antes do lançamento? O editor Zois Bekios Zannikos lembrou do Stadia, que dois anos após seu lançamento ainda recebe recursos relativamente básicos como grupos públicos. Fique a vontade para citar outros exemplos e comentar esta enquete nos comentários. Nos vemos na segunda-feira (6), quando volto para analisar as respostas da comunidade.